quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Terapia de chuveiro

A ideia de não acreditar num sentido superior da vida chegou em mim como uma epifania mãe de uma energia libertadora nirvânica. Nela vejo uma liberdade inigualável. Uma liberdade que ama o poder de escolha acima de qualquer outra coisa. Escolher que significado quero que a minha vida tenha. Com base nas minhas referências e não no que impõem sobre a minha moldura. Sou incapaz de conceber uma liberdade maior do que esta.
Para mim, esta liberdade cria em mim abrigo para a minha dor e para as dores dos outros. Através delas vejo-me melhor. Maior.
Quando penso no mito do sentido da vida, materializa-se na consciência uma tela em branco com metros e metros de altura e de comprimento.
Vivo e morrerei numa tela em branco para que esta minha liberdade possa crescer noutros lugares porque não existo se não com outros. E se os outros me alimentam de significado, talvez eu possa fazer o mesmo por eles. É este para mim o caminho mais puro - existir por mim e pelos outros; existir para mim e para os outros.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A partir de um gatilho

A tua ganância cresce na minha espinha, fazendo casa dentro de mim.
O meu coração mirra, negligente implodindo no meu peito e envenenando o meu sangue que me corrói os ossos.

As correntes pelas quais me prendes, são de minha autoria.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Dos momentos nostálgicos

Coexisto em mim, às vezes. Em instantes invisíveis como se parisse outros eus num plano existencial diferente do meu. Sinto-o como alguém que me escreve de longe numa data importante. As primeiras folhas outonais, que me lembram de um jeito fugaz algo que era. Nesse instante, sou num e noutro plano, em uníssono.