terça-feira, 18 de março de 2014

* sem título

Escreva-se num caderno, pautado por aquilo que o assombra, berrando pela mínima pinga de vida que o anime.
Cospe-se o sangue, morde-se a dor que o enrola. Corre sem pensar direito.
Desenhada em si uma poesia sóbria cantada às pedras da rua por onde passa, suja e apagada pelas passadas de quem não a ouve.
No final nada se lê. Escreve uma linha mais mas guarda-a para ti.

domingo, 16 de março de 2014

Esboço

Podia escrever-te um verso. Marcar uma página com tinta permanente, desenho de um amor tão abstracto como o nosso. Podia dar-te flores, deixá-las de molho até murcharem completamente, levando consigo morto o raiar dos nossos dias afogado algures onde o sol mergulha no mar.
Podia cantar-te uma canção sobre heróis e ninfas, sobre amor e poder. Podia perder-me ou deixar-me perder na ilusão do teu sorriso ou no calor dos teus braços.
Oh, mas não serei eu a tropeçar neste jogo nem a sair de coração partido. Nunca mais.
Podia procurar ver-te cada vez que fecho os olhos e dar vida ao contorno do teu corpo na sombra do meu imaginário. Podia dizer que te quero. Mas não o farei.
Escreverei os meus próprios versos, cantarei a minha própria canção. Chegou a hora de me encontrar.