sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Neve

Está frio aqui fora. Uma pequena e gentil brisa passa pelo meu corpo, entregando-me um arrepio agonizante. Quero voltar, mas não o faço.
Olho para o céu, e com o meu olhar apático sigo a trajectória do primeiro floco de neve deste Inverno. Apanho-o com a minha mão trémula e vejo-o derreter momentos depois.

Perco-me. A minha mente vagueia, dispersa num novelo de ideias, pensamentos, memórias, incertezas. 

O frio agudiza-se. O chão está branco, coberto de neve. Penso para mim próprio, quanto tempo estive naquele estado sonambólico. Aquela simples brisa acabara de ficar mais violenta. Ouvem-se o barulhos dos ramos das árvores despidas que desenham formas no ar, causando-me um estranho desconforto.

Não sou capaz de reconhecer aquele lugar que fora alegre e tão verde, agora demasiado sombrio, que perdeu toda a sua cor.
Entrego toda a minha atenção ao chão que piso e dou alguns passos. Sigo por um pequeno caminho aberto entre a neve. Dou passadas pequenas, lentas. Um bocado de neve preso numa árvore cai sobre mim mas eu, preso no meu gélido consciente, ignoro e sigo...
Paro em frente a um carvalho enorme, careca. Tenho as pernas a tremer, portanto, decido sentar-me por algum tempo. As pestanas pesam-me.

Abro os olhos. Não sei que horas são, nem em que dia vou. Vejo apenas um manto branco que encobre a vivacidade de um campo, agora perdida, derrotada.
Olho à minha volta. Nada me parece familiar. O frio que me perseguia desapareceu. Agora, resta apenas o frio da minha alma. Um vazio ocupa-me a mente, um vazio díficil de preencher. Um puzzle insolúvel.

Não tenho rumo. Não sei que passo dar a seguir. Respiro fundo e procuro pelo resto das forças que ainda tenho.

Levanto-me e faço-me a caminho...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Deus vs. Diabo

Uma luta com um historial tão antiga como o próprio tempo que perpetua ao longo de eras. Uma desordem sem heróis nem vencedores onde o Bem e o Mal travam as suas batalhas, ambicionando pela queda do inimigo, de olhos postos na recompensa: o domínio sobre todo o Reino.

Penso que todos conhecemos duas personagens com enorme destaque nesta história. Deus e Lúcifer. Não preciso de explicar quem são.
Mas, onde serão travadas estas disputas? O exército sagrado contra a armada maldita. Quem vencerá... e quando?

Talvez a resposta esteja mesmo à nossa frente. Refiro-me à Fé. As pessoas ligam muito este conceito à própria religião. Falácia.
Não estou aqui para desonrar ninguém, nem atirar críticas ou descrenças ao ar. Cada um tem a sua opinião na matéria e esta é a minha. Respeito qualquer religião e é aí que a Igreja veio a pecar ao longo dos tempos. A falta de tolerância causou guerras históricas, derrames de sangue de inocentes. Em nome de um livro considerado sagrado? Blasfémia!

Eu tenho Fé, sim. Mas não num Deus proclamado dentro de uma Igreja. Eu tenho Fé no ser humano. Porque se queremos chegar a algum lado, lutar contra adversidades, atingirmos os nossos sonhos, acredito sonelemente que rezar é apenas um desperdício de tempo. Nada se atinge sem esforço nem vontade própria. Ninguém, se não nós mesmos irá lutar pelo que queremos. Não é necessário rezar. Basta simplesmente acreditar que somos capazes. Não há maior força que esta, capaz de mover montanhas.
Para quem acredita em Deus, a meu ver, deveria saber que basta pensar Nele para que a sua santidade nos ouça. Não é preciso citar umas quantas frases, como se de um ritual se tratasse para que se possa estabelecer tal ligação.

Deus existe. Assim como o Diabo. Personificações do Bem e do Mal, respectivamente. Essências que se originam na nossa Alma.
Por mais boas pessoas que possamos ser, todos temos um lado negro, alimentado pelos nossos sentimentos negativos. Essa outra faceta reencarna na figura que se dá pelo nome de Lúcifer, enquanto que a nossa vontade de fazer por mais, de ajudar os outros, aprender e crescer todos os dias, a nossa força e determinação estão simbolicamente presentes na figura de Deus.

Por mais que se rejeite o Senhor do Inferno, este continua sempre presente em todos nós. Ambos os lados desta batalha encontram-se em nós próprios. E durante tanto tempo, é aí que eu acredito que as lutas são travadas, na nossa existência, chegando a um fim quando o último coração parar de bater.

O equilíbrio do Mundo. Onde haja bondade, a maldade estará presente para perturbar as coisas. Não há um sim sem um não.
E devo dizê-lo... a Fé no Homem vai-se perdendo aos poucos.

Se existe a vida após a morte... quando chegar lá digo-vos. 

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Alquimia

"Para algo ser criado, temos que dar algo em troca"

O principio da Alquimia. Mito? Talvez não.
Segundo o que se diz, este... fenómeno consistia na transformação do metal em ouro puro. Desafiar as próprias Leis da Natureza. Mas quem pensa o Homem que é? Deus? Atingir a Vida Eterna, criar Vida Humana artificial... é como "brincar aos deuses".
Muitos procuraram a chave para tal mistério ao longo dos anos, até que alguém do nada decidiu que se tratava nada mais, nada menos, que metáforas.

Mas esse assunto fica para outra altura. Quero falar de
Sacrifícios. Muitas vezes inúteis. Muitas vezes sem nexo. Mas reais.
Quem terá sido aquele que pensou na troca equivalente e fez dela uma Lei Universal? Desde quando é necessário sacrificar algo ou alguém, deixando-o para atrás, esquecido e atrapalhadamente resguardado num canto escuro e esquecido do nosso consciente?

Pensando bem... quem nunca se viu obrigado a sacrificar algo, num acto de bondade, egoísmo, cobardia? Podemos dar do nosso prato porque alguém passa fome, podemos abandonar um animal de estimação apenas porque este ficou muito velho ou porque simplesmente queremos outro animal. Podemos dispensar amigos como alguém que usa lenços de papel para limpar o nariz e atira-os para o lixo prontamente. Já vi acontecer. Se já o fiz? Já. Embora pareça desumano, afirmo-o desavergonhadamente pois tal como todos nós já ouvimos dizer: "ninguém é perfeito" e é escusado apontar o dedo. Nunca saberemos quando esse galho cairá da nossa árvore.

Podemos não ser imortais, nem criar Vida num estalar de dedos, mas algo em que o ser humano tem um dote natural para fazer, é o Mal. Aliás, penso que se as maravilhas da Alquimia alguma vez caíssem nas nossas mãos, a ganância, a luxúria iriam possuir-nos de tal forma que levaria se não à nossa destruição.
Guerras. Homicídios. Terrorismo. Fogo posto. Roubos. Violência física e psicológica. Para quê? Por mais que use os meus neurónios, não consigo chegar lá... qual será o prazer que as pessoas tiram destes actos? Porque não usar a Alquimia em algo que podemos verdadeiramente atribuir valor? Trocar tudo isto, toda a maldade do coração humano por PAZ. É assim tão complicado? Trocar o ódio por amor, a ganância por solidariedade, a rivalidade por amizade, a impaciência pela tolerância.


A Alquimia é praticada teoricamente por quase toda a população mundial, mas
Caso isto realmente exista... que fique nos segredos dos Deuses.