Está frio aqui fora. Uma pequena e gentil brisa passa pelo meu corpo, entregando-me um arrepio agonizante. Quero voltar, mas não o faço.
Olho para o céu, e com o meu olhar apático sigo a trajectória do primeiro floco de neve deste Inverno. Apanho-o com a minha mão trémula e vejo-o derreter momentos depois.
Perco-me. A minha mente vagueia, dispersa num novelo de ideias, pensamentos, memórias, incertezas.
O frio agudiza-se. O chão está branco, coberto de neve. Penso para mim próprio, quanto tempo estive naquele estado sonambólico. Aquela simples brisa acabara de ficar mais violenta. Ouvem-se o barulhos dos ramos das árvores despidas que desenham formas no ar, causando-me um estranho desconforto.
Não sou capaz de reconhecer aquele lugar que fora alegre e tão verde, agora demasiado sombrio, que perdeu toda a sua cor.
Entrego toda a minha atenção ao chão que piso e dou alguns passos. Sigo por um pequeno caminho aberto entre a neve. Dou passadas pequenas, lentas. Um bocado de neve preso numa árvore cai sobre mim mas eu, preso no meu gélido consciente, ignoro e sigo...
Paro em frente a um carvalho enorme, careca. Tenho as pernas a tremer, portanto, decido sentar-me por algum tempo. As pestanas pesam-me.
Abro os olhos. Não sei que horas são, nem em que dia vou. Vejo apenas um manto branco que encobre a vivacidade de um campo, agora perdida, derrotada.
Olho à minha volta. Nada me parece familiar. O frio que me perseguia desapareceu. Agora, resta apenas o frio da minha alma. Um vazio ocupa-me a mente, um vazio díficil de preencher. Um puzzle insolúvel.
Não tenho rumo. Não sei que passo dar a seguir. Respiro fundo e procuro pelo resto das forças que ainda tenho.
Levanto-me e faço-me a caminho...
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