terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Efeito Borboleta - Sofia (parte I)

"Olha avó, olha! Uma borboleta!" - disse a menina, apontando com o seu pequeno dedo para o insecto colorido.
"É bonita, não é?" - respondeu serenamente, a senhora de idade.
Já passara meia hora desde que a avó a fora buscar à escola, e desde então ficaram as duas, sentadas no banco de um jardim a apreciar aquela vida inferior que esvoaçava ao sabor da brisa.
"De onde vêm as borboletas avózinha?" - perguntou a pequena, enquanto coçava a cabeça tentando descobrir se as cores das suas asas seriam reais, ou uma agradável ilusão óptica que misturava tons de amarelo e laranja.
Desviando a sua atenção da borboleta, a senhora virou-se lentamente para a neta e sorriu. - "Sabes como nascem as borboletas?" - a criança acenou com a cabeça, em sinal de negação. - "Não..." - disse.
A mulher de cabelos brancos olhou de novo para a borboleta, deixando fugir uma gota de tempo. Durante as duas horas seguintes, a sua avó contara-lhe toda a vida do insecto colorido, começando na larva, descrevendo a formação do casulo até ao último bater das suas asas hipnotizantes.
"Hm..." -respondeu Sofia, levando o dedo indicador aos lábios enquanto balançava as pernas, inquieta. - "E as abelhas? Os gafanhotos? As joaninhas? Então e os animais 'mais grandes'? Conta-me a história do Simba! Ele está tão velhinho... tem pêlos brancos, como os teus cabelos."
A velhota não conseguiu conter-se, acabando por soltar uma gargalhada que a fez lacrimejar. - "O Simba, assim como todos os cães e muitos outros animais ganham uma nova cor de pêlo quando ficam velhinhos. Isso quer dizer que tiveram uma longa vida." - "Ah... está bem. Conta-me mais! E a mãe? O pai? O avô? Tu! Conta-me a tua história!" - respondeu prontamente, ao saltar do seu lugar, pondo-se em biquinhos de pés frente à sua avó.
"Está a ficar tarde, vamos andando para casa." - Caminhando calmamente com a neta a trautear à sua volta, a senhora dos cabelos brancos contou-lhe um pouco da sua vida, até se ter tornado avó.
"Como vês, todos os seres neste mundo, desde os mais pequeninos até aos gigantes têm uma história, assim como tu Sofia." - sorriu.
A pequena, com alguns fios de cabelo à frente da cara, olhou para a avó e retribuiu o sorriso.

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