Alguém lhe dissera, há um tempo que não lembra a ninguém, algo sobre si. Algo que agora falta por nossa causa e capricho.
Onde estamos, aonde vamos e a que propósito... quem o sabe? Ninguém o lembrará ou fará ver que a vida é feita de montanhas-russas disfarçadas com algodão.
Acariciamos-lhe o corpo despegado da própria silhueta que lhe pertence, e que se escapa por entre a penumbra das sombras, perdida por entre as ruas desta cidade cinzenta e com tão pouca vida, fazendo vista grossa aos alheios por quem passa.
Ninguém a lembrará de onde veio, deixando-a no esquecimento. Porque neste, tudo desvanece, excepto uma doce, inocente e ingénua, porém falsa, felicidade. E falsa ela o é, tanto quanto pode. Mas isso, ele já o sabe.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Debaixo d'água
Corro por estas quatro paredes que a lados nenhuns me levam, excepto ao pesado silêncio do mar, cujas ondas me engolem. Aqui não passo de um fantasma, espectro de uma rosa, sombra de uma sanidade senil.
Deixa que a maré me lavre a alma e arraste consigo incertezas de uma altura que perdemos no tempo. Vira-me as costas e deixa-me ficar no mar, onde não te atreverás a procurar-me. Pois o mar que eu tanto conheço está repleto de caminhos incertos. Caminhos esses que apenas eu consigo percorrer e nos quais apenas eu me posso perder.
Enquanto me aprisiono na minha nebulosa omnisciência, vou respirando debaixo de água, onde deixarei o teu nome marcado para nunca mais o esquecer.
Deixa que a maré me lavre a alma e arraste consigo incertezas de uma altura que perdemos no tempo. Vira-me as costas e deixa-me ficar no mar, onde não te atreverás a procurar-me. Pois o mar que eu tanto conheço está repleto de caminhos incertos. Caminhos esses que apenas eu consigo percorrer e nos quais apenas eu me posso perder.
Enquanto me aprisiono na minha nebulosa omnisciência, vou respirando debaixo de água, onde deixarei o teu nome marcado para nunca mais o esquecer.
terça-feira, 18 de março de 2014
* sem título
Escreva-se num caderno, pautado por aquilo que o assombra, berrando pela mínima pinga de vida que o anime.
Cospe-se o sangue, morde-se a dor que o enrola. Corre sem pensar direito.
Desenhada em si uma poesia sóbria cantada às pedras da rua por onde passa, suja e apagada pelas passadas de quem não a ouve.
No final nada se lê. Escreve uma linha mais mas guarda-a para ti.
Cospe-se o sangue, morde-se a dor que o enrola. Corre sem pensar direito.
Desenhada em si uma poesia sóbria cantada às pedras da rua por onde passa, suja e apagada pelas passadas de quem não a ouve.
No final nada se lê. Escreve uma linha mais mas guarda-a para ti.
domingo, 16 de março de 2014
Esboço
Podia escrever-te um verso. Marcar uma página com tinta permanente, desenho de um amor tão abstracto como o nosso. Podia dar-te flores, deixá-las de molho até murcharem completamente, levando consigo morto o raiar dos nossos dias afogado algures onde o sol mergulha no mar.
Podia cantar-te uma canção sobre heróis e ninfas, sobre amor e poder. Podia perder-me ou deixar-me perder na ilusão do teu sorriso ou no calor dos teus braços.
Oh, mas não serei eu a tropeçar neste jogo nem a sair de coração partido. Nunca mais.
Podia procurar ver-te cada vez que fecho os olhos e dar vida ao contorno do teu corpo na sombra do meu imaginário. Podia dizer que te quero. Mas não o farei.
Escreverei os meus próprios versos, cantarei a minha própria canção. Chegou a hora de me encontrar.
Podia cantar-te uma canção sobre heróis e ninfas, sobre amor e poder. Podia perder-me ou deixar-me perder na ilusão do teu sorriso ou no calor dos teus braços.
Oh, mas não serei eu a tropeçar neste jogo nem a sair de coração partido. Nunca mais.
Podia procurar ver-te cada vez que fecho os olhos e dar vida ao contorno do teu corpo na sombra do meu imaginário. Podia dizer que te quero. Mas não o farei.
Escreverei os meus próprios versos, cantarei a minha própria canção. Chegou a hora de me encontrar.
sábado, 4 de janeiro de 2014
Os fantasmas do meu quarto
Brincadeiras no chão no meu quarto, soldados de madeira que partem para a guerra. Um dragão cospe fogo ao pés da minha cama e os fantasmas escondem-se no armário.
Pela janela entram furacões e tornados que agitam mares tempestuosos, pondo assim à prova a coragem do capitão e da sua tripulação. Uns remam pela vida, outros rezam pelo sol do próximo dia. E com um valente sopro, os fantasmas as nuvens afastam.
Desfile de marionetas frente ao espelho como último acto. Aplausos ruidosos aclamam o final do carnaval e as marionetas recebem-nos com uma pequena vénia. É altura de baixar o pano.
Os brinquedos cochicham entre si no escuro, trauteando canções aos ouvidos até adormecerem de cansaço.
Banhados pela luz da madrugada, os fantasmas retomam o seu lugar no meu armário, contando impacientemente os instantes para brincarmos mais uma vez.
Da ombreira da porta digo adeus aos fantasmas do meu quarto.
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