Na última linha dita-se, "adeus".
sábado, 17 de outubro de 2015
Coisas da nossa sombra
Talvez um dia possamos viver longe do espaço e do tempo, onde escreveremos com o sangue das nossas feridas o epílogo que termina a tempestade do nosso mar.
Na última linha dita-se, "adeus".
Na última linha dita-se, "adeus".
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Viagens
O meu esqueleto vagueia com um coração artificial, contorcendo-se, quebrando osso a osso, na casa construída sobre as minhas ruínas. Da janela sorri uma silhueta que não reconheço, banhada numa fragrância que me incomoda.
Uma parede desfigurada pelas garras de momentos ilusórios. Pilares consumidos pelas chamas que já nada teriam para destruir.
Afinal, tudo é se não ruínas. Fruto do meu verdadeiro coração, caído algures, talvez noutro continente da minha imensidão.
Uma parede desfigurada pelas garras de momentos ilusórios. Pilares consumidos pelas chamas que já nada teriam para destruir.
Afinal, tudo é se não ruínas. Fruto do meu verdadeiro coração, caído algures, talvez noutro continente da minha imensidão.
terça-feira, 28 de julho de 2015
Sede
Sonhos. Onde apenas no desabrochar da irrealidade nos podemos encontrar, das cores vívidas do outono ao calor do verão. Onde evitaremos a saudade que naufraga em ecos que nos atingem como chuva na pele erodida. Será a saudade filha de uma ilusão distorcida aos nossos olhos? Andamos mil passos à nossa frente, mas nada disto to direi. Até ao dia em que os meus pulmões transbordem a água desta chuva.
E nesta ânsia me afogo, crendo não haver fim para tal fome. Sinto o estômago vazio e a garganta arranhada, com sede de ti. De corpo e alma satisfeitos, voltamos à estaca zero. Apenas para cairmos mais uma vez no odor da natureza que impregna os nossos sentidos.
Enquanto aqui me encontrar, resguardo-me nesta terra que não o é, aguardando impacientemente pela morte da saudade que teima em regressar. Das águas que hibernam pela primavera, ao sussurro dos ventos invernais. Então saberemos... comecemos de novo.
E nesta ânsia me afogo, crendo não haver fim para tal fome. Sinto o estômago vazio e a garganta arranhada, com sede de ti. De corpo e alma satisfeitos, voltamos à estaca zero. Apenas para cairmos mais uma vez no odor da natureza que impregna os nossos sentidos.
Enquanto aqui me encontrar, resguardo-me nesta terra que não o é, aguardando impacientemente pela morte da saudade que teima em regressar. Das águas que hibernam pela primavera, ao sussurro dos ventos invernais. Então saberemos... comecemos de novo.
terça-feira, 7 de abril de 2015
* sem título
Sou uma ruína que em tempos sonhou ser livre dos seus próprios escombros. Um sol sem poente descrito num livro sem tinta, deixado ao acaso para que a chuva o destoe nas águas de abril. Sou um pequeno pássaro cujo ninho feito de lama, pedras e paus que pelo caminho encontrei me aconchega desconfortavelmente. Sou uma pauta composta por instrumentos cuja desarmonia ecoa em ritmos intermináveis nas paredes ocas do meu sentir indulgente.
sábado, 4 de abril de 2015
Dialéctica do nosso corpo
E se o amor for para tolos, serei um tolo eterno, procurando a perfeição onde ela jamais existiu se não no encontro dos nossos corpos, na cumplicidade dos nossos lábios, nos segundos dos nossos toques.
Este amor de que te falo não se escreve no litoral do teu corpo, mas na sinfonia da nossa existência e na volúpia das horas mortas de uma dialéctica insurgente dos nossos desejos mais íntimos.
Este amor de que te falo não se escreve no litoral do teu corpo, mas na sinfonia da nossa existência e na volúpia das horas mortas de uma dialéctica insurgente dos nossos desejos mais íntimos.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Navegando em terra
Não te consigo ouvir pelo ruído nervoso de quem não nos vê a silhueta na ombreira da porta e nos grita obscenidades lançadas como balas perdidas no espaço vazio. Acho que também eles não nos ouvem, pela péssima acústica da nossa voz.
Nesta correria do mata-esfola, fugimos como bêbados ensopados no néctar da nossa razão absoluta, que brota da sua sede para cair infértil nos braços da morte que nos olha num pranto em silêncio.
Vivemos num mundo insano, direi.
Nesta correria do mata-esfola, fugimos como bêbados ensopados no néctar da nossa razão absoluta, que brota da sua sede para cair infértil nos braços da morte que nos olha num pranto em silêncio.
Vivemos num mundo insano, direi.
O que estamos a fazer?
Caminha, coberto de gelo. Não me soltes do teu pulso e guia-me por um inverno interminável, entre o conforto do leito de neve e o reflexo na superfície gelada que tocas.
Morde-me os ossos num desdém cuidadoso, faz minha a tua dor, mas não desvies o olhar, pois tornar-me-ei pó.
Amo-te, mas pertenço ao inverno que assobia o meu nome no vento frio da madrugada.
Morde-me os ossos num desdém cuidadoso, faz minha a tua dor, mas não desvies o olhar, pois tornar-me-ei pó.
Amo-te, mas pertenço ao inverno que assobia o meu nome no vento frio da madrugada.
Trepando árvores
Deixa a maré subir e não cubras as estrelas que iluminam as minhas costas. Mas se tiveres que ir, leva contigo as nossas horas que persistem no calor do verão e no verde da primavera. Leva contigo a noite, mas deixa-me a lua, minha companhia.
Leva o que quiseres, e desamarra o meu espírito das tuas correntes que fazem de mim teu servo, que me queimam os pulsos como brasas ardentes.
Os ponteiros acusam o final do dia, desferindo golpes na minha paz eminente.
Um dia agradecerás por não termos ficado.
Leva o que quiseres, e desamarra o meu espírito das tuas correntes que fazem de mim teu servo, que me queimam os pulsos como brasas ardentes.
Os ponteiros acusam o final do dia, desferindo golpes na minha paz eminente.
Um dia agradecerás por não termos ficado.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
O mundo é estático
A poesia que de ti emerge soa barafusta onde a minha casa fica. Escrita em letras grandes nas paredes do meu quarto, amante da minha insanidade ou clarividência, impregnada com o cheiro de papel queimado que resta debaixo do meu pé. As cinzas mantêm-se suspensas, como partículas dos meus ossos, forçadamente estáticas pela janela trancada, esperando por uma brisa trazida pela morte que as liberte do seu estado tolhido por um amor ignorado.
A minha prosa, escrita em cima da minha cama, procura contar outra história, escrita pelo suor febril e vazio, consequência de um amor imensurável e esguio como a minha sombra. Silencioso, paciente e sempre presente, preso na minha traqueia, inundando os meus ouvidos e turvando a minha visão, como gotas de água que ecoam na minha mente a um compasso desorientado.
Uma poesia que todos lêem, mas que poucos optam por a não ignorar.
A minha prosa, escrita em cima da minha cama, procura contar outra história, escrita pelo suor febril e vazio, consequência de um amor imensurável e esguio como a minha sombra. Silencioso, paciente e sempre presente, preso na minha traqueia, inundando os meus ouvidos e turvando a minha visão, como gotas de água que ecoam na minha mente a um compasso desorientado.
Uma poesia que todos lêem, mas que poucos optam por a não ignorar.
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